segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Raquel Lyra, PSDB, é eleita governadora de Pernambuco

Ela é a primeira mulher eleita para o cargo no estado. Raquel Lyra venceu Marília Arraes (Solidariedade).

Raquel Lyra, do PSDB, é eleita governadora de Pernambuco

Raquel Lyra, do PSDB, foi eleita governadora de Pernambuco, neste domingo (30). Ela é a primeira mulher da história a ser eleita para o cargo no estado e venceu Marília Arraes, do Solidariedade.

Por volta das 19h10, com 89,53% das urnas apuradas, Raquel tinha 2.798.956 votos, ou 58,87% dos válidos, e estava matematicamente eleita. Ao final da apuração, Raquel recebeu 3.113.415 votos, o correspondente a 58,70% dos votos válidos. Marília obteve 2.190.264 votos - 41,30% dos válidos.

Raquel Lyra e Marília Arraes foram as primeiras mulheres a chegarem ao segundo turno na disputa pelo governo de Pernambuco. Esta foi a primeira vez na história do Brasil que duas mulheres disputaram o segundo turno por um governo estadual.

Na chapa de Raquel Lyra, Priscila Krause (Cidadania) foi eleita vice-governadora de Pernambuco. Esta também é a primeira vez no Brasil em que uma chapa composta por duas mulheres vence a disputa por um governo estadual.

Para completar o cenário de ineditismo, Teresa Leitão, do PT, foi eleita senadora nesta eleição, com 46,12% dos votos válidos, o que equivale a 2.061.276 votos.

Raquel Lyra concedeu entrevista coletiva no Recife após ser eleita a primeira governadora de Pernambuco — Foto: Pedro Alves/g1

A eleição de Raquel Lyra põe fim a uma sequência de 16 anos de mandatos do PSB à frente do governo de Pernambuco. Foram dois mandatos de Eduardo Campos, morto num acidente aéreo em 2014, durante a disputa presidencial, e outros dois mandatos de Paulo Câmara (PSB), atual governador.

O PSB chegou a lançar o deputado federal Danilo Cabral como candidato para as eleições deste ano, mas ele ficou em quarto lugar no primeiro turno, com 18,06% dos votos válidos, ou 885.994 votos no total.

Perfil

Candidata ao governo de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) vota acompanhada pelos filhos neste domingo (30), em Caruaru — Foto: Reprodução / TV Asa Branca

Raquel Lyra nasceu no Recife, tem 43 anos e foi prefeita de Caruaru, no Agreste, por dois mandatos consecutivos. Renunciou ao cargo em março deste ano, para concorrer ao governo. Entre 2007 e 2016, foi filiada ao PSB e, em 2016, se filiou ao PSDB, partido do qual faz parte atualmente.

Ela é mãe de João, de 12 anos, e de Fernando, de 10 anos. O pai de Raquel, João Lyra Neto (PSDB), foi vice-governador de Eduardo Campos e assumiu o governo em 2014, quando Campos deixou o cargo para concorrer à Presidência.

Raquel é viúva. Ela era casada com o empresário Fernando Lucena, que morreu no dia 2 de outubro deste ano, dia das eleições para o primeiro turno. Ele estava em casa, em Caruaru, no Agreste, quando se sentiu mal. Chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu.

Raquel Lyra é formada em direito pela UFPE. Já trabalhou como advogada do Banco do Nordeste e, em 2002, assumiu o cargo concursado de delegada da Polícia Federal, onde permaneceu até 2005. Ela renunciou ao cargo após passar no concurso para a Procuradoria-Geral do Estado (PGE).

Durante a gestão de Eduardo Campos, foi chefe da Procuradoria de Apoio Jurídico e Legislativo do governo, entre 2007 e 2010. Foi eleita deputada estadual em 2010, pelo PSB, mas licenciou-se do cargo para assumir a Secretaria da Criança e da Juventude no segundo mandato de Eduardo Campos. Em 2014, foi reeleita deputada estadual.

Saiu do PSB em março de 2016, ano em que lançou candidatura à prefeitura de Caruaru. Foi eleita em primeiro turno, e foi a primeira mulher a assumir o cargo na cidade. Em 2020, foi reeleita, também em primeiro turno.

Campanha

O resultado do segundo turno foi o inverso do que aconteceu no primeiro turno, quando Marília Arraes ficou na frente, com 1.175.651 votos, ou 23,97% dos votos válidos, enquanto Raquel Lyra teve 1.009.556 votos, ou 20,58% dos votos válidos.

Nas pesquisas de intenção de voto do primeiro turno, Marília Arraes liderava isolada, chegando a ter 38%. O resultado foi mais de 10 pontos percentuais a menos do que indicavam os levantamentos. Já no segundo turno, Raquel Lyra ficou em primeiro lugar em todas as pesquisas Ipec.

O percurso até o segundo turno foi marcado por ataques de ambos os lados, principalmente com relação aos apoios recebidos e posicionamentos políticos das duas candidatas na corrida pelo governo.

Marília Arraes, em toda a campanha, cobrou de Raquel Lyra posicionamento sobre a disputa presidencial entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL). A governadora eleita, por sua vez, se recusou a declarar voto ou fazer campanha para qualquer um dos candidatos.

Já Raquel Lyra, ao longo da campanha, tentou associar Marília Arraes à gestão de Paulo Câmara, já que o PSB, no segundo turno, anunciou apoio à candidatura dela. Marília Arraes rebatia essas críticas lembrando o tempo em que Raquel Lyra, ainda no PSB, era aliada do atual governador.

Raquel Lyra também reclamou e se utilizou politicamente das tentativas de Marília Arraes de nacionalizar a discussão. Quando cobrada sobre posicionamento na disputa presidencial, Raquel acusava a adversária de não ter propostas e de se apoiar em padrinhos políticos para a disputa, especialmente no ex-presidente Lula, que, no segundo turno, apoiou Marília Arraes.

Os problemas pessoais das candidatas também foram pautados na disputa. Logo após o primeiro turno, a campanha de Raquel Lyra pediu o adiamento do início do guia eleitoral, já que a candidata estava de luto pela morte do marido. Consultada, a campanha de Marília Arraes não concordou com o adiamento, o que causou polêmica nas redes sociais.

Problemas pessoais

A campanha para o segundo turno foi tumultuada para as duas candidatas ao governo, a começar pela morte do marido de Raquel Lyra, no dia da eleição do primeiro turno. Por causa disso, ela suspendeu as atividades de campanha por uma semana, período em que a então candidata a vice, Priscila Krause, comandou a campanha.

Onze dias depois de perder o marido, Raquel Lyra enfrentou mais um problema na vida pessoal. O filho mais velho dela, João, de 12 anos, passou mal e teve que ser submetido a uma cirurgia de urgência por causa de uma apendicite.

Já Marília Arraes começou a campanha ao governo grávida da terceira filha, Maria Magdalena, mesmo nome de Magdalena Arraes, viúva do ex-governador e avô de Marília, Miguel Arraes, a quem ela considera avó.

No dia 16 de outubro, com seis meses de gestação, Marília Arraes passou mal devido a um pico de pressão alta, algo que pode ser perigoso durante a gestação. O problema ocorreu após uma entrevista numa emissora de TV e fez com que a candidata suspendesse por um dia as atividades.


Propostas

Na educação, Raquel Lyra prometeu criar 60 mil vagas em creches, custeando por um ano o funcionamento dessas unidades, até que, com a redistribuição de recursos, os municípios possam assumir a gestão.

Ela propôs ainda criar o programa Trilhatec, para integrar o ensino profissionalizante ao ensino médio, especialmente com relação à tecnologia, e também afirmou que vai fazer um programa de erradicação do analfabetismo em Pernambuco.

Com relação à habitação, ela prometeu construir 50 mil casas por ano, com foco principal nas pessoas que moram em áreas de risco. Também afirmou que vai trabalhar pela construção de canais e muros de arrimo, para reduzir o impacto de enchentes e deslizamentos de barreiras causados pelas chuvas.

O saneamento e abastecimento de água também devem ser foco de Raquel Lyra, que prometeu fazer um “choque de gestão” na Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), e afirmou que vai estudar a concessão de alguns serviços à iniciativa privada. Ela disse que via modernizar a rede de distribuição d’água para reduzir as perdas durante o abastecimento, e afirmou, ainda, que vai concluir obras de barragens e adutoras no interior.

Na segurança, Raquel Lyra propôs a criação de um programa chamado Juntos Pela Segurança, para substituir o atual Pacto Pela Vida e integrar diferentes entes federativos e forças policiais. Afirmou que vai fazer concursos permanentes para reestruturar as tropas, e também prometeu equipar os profissionais e investir em inteligência para solucionar os crimes.

Na saúde, a governadora eleita prometeu construir cinco grandes maternidades, além de um Hospital de Câncer no Sertão, para descentralizar o atendimento. Ela disse que vai concluir obras inacabadas, como do Hospital Mestre Dominguinhos, em Garanhuns, e do Hospital da Mulher de Caruaru. Afirmou, ainda, que vai resolver os problemas de infraestrutura do Hospital da Restauração, no Recife. Por fim, afirmou que vai criar as “Carretas da Saúde”, levando diagnóstico e serviços médicos a municípios do interior.

Com relação ao transporte público, Raquel Lyra prometeu articular a recuperação, expansão e manutenção do Metrô do Recife junto ao governo federal, e discutir a estadualização do sistema. Também disse que vai acabar com os anéis tarifários para que as passagens de ônibus custem o mesmo valor, e prometeu reformar os 26 terminais integrados.

Na infraestrutura, Raquel Lyra pretende concluir a obra do Canal do Fragoso, em Olinda, e realizar intervenções urbanísticas para proteção permanente de encostas e margens de rios. Prometeu também criar o programa Pernambuco no Caminho Certo, para recuperar rodovias, e tirar do papel o projeto do Arco Metropolitano.

Na assistência social, a governadora eleita vai criar o programa Restaurante Bom Prato, com refeições a preços baixos para pessoas em vulnerabilidade. Afirmou que vai criar o programa Mães de Pernambuco, com bolsa mensal de R$ 300 para mães pobres de crianças de até 3 anos.

Na economia, ela afirmou que vai reduzir a alíquota de impostos em Pernambuco. Vai, ainda, criar o programa Bora Empreender, com qualificação profissional e acesso a crédito.

Raquel Lyra também prometeu acabar com os lixões em Pernambuco, e garantir investimentos junto aos municípios para que sejam feitas obras de drenagem.

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