quinta-feira, 30 de março de 2023

Ex-funcionários de clube de tiro de Caruaru entram com ação conjunta na Justiça por falta de pagamento de salários

Trabalhadores afirmam estar há meses sem receber os valores da rescisão.

Polícia Federal realiza em Caruaru 2ª fase de operação Zona Cinza — Foto: g1 Caruaru

Funcionários de um clube de tiro de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, entraram com ação conjunta na Justiça por não terem recebido os salários devidos. Desde a segunda fase da operação Zona Cinza, realizada pela Polícia Federal em dezembro de 2022, os funcionários das várias empresas da rede Shop do Atirador, foram afastados e os pagamentos de salários e indenizações suspensos.

Um desses ex-funcionários, que preferiu não se identificar, disse ao g1 que está há meses à espera dos valores devidos. A empresa chegou a sinalizar que pagaria a rescisão dos trabalhadores, mas eles afirmam que esse pagamento não foi realizado.

"Nos fizeram assinar os papéis da rescisão e do contracheque do mês em que a empresa foi fechada, nos dando a esperança das rescisões assinadas para o juiz em questão e nos dando o prazo de 10 dias para poder ser liberado o valor da rescisão e consequentemente para pagar o salário do mês que ficou dentro. Contudo, quase 6 meses após o ocorrido, ainda estamos sem receber nem um real da empresa" ,disse o ex-funcionário.

No começo deste ano, um grupo de funcionários entraram com uma ação conjunta contra as empresas assessorados pelo advogado Iam Phillippe Monteiro. De acordo com o advogado, no início do ano ele foi contatado por alguns funcionários do Shop do Atirador que relataram não ter recebido as verbas trabalhistas após a operação Zona Cinza.

"Por meio dessas ações nós estamos exigindo o pagamento dessas dívidas e também pleiteamos junto à Justiça Federal, e também nas próprias ações trabalhistas, a reserva do patrimônio bloqueado para o pagamento desses trabalhadores, uma vez que a empresa não tem se mostrado com o desejo de pagar voluntariamente esses valores", disse o advogado Iam Philippe Monteiro.

O advogado explicou que a empresa primeiramente alegou que a Justiça Federal e a operação da Polícia Federal foram os motivadores do não pagamento aos funcionários. Logo depois, a empresa teria dito que a culpa do não pagamento era dos próprios funcionários que ingressaram com ação na justiça para receber tais verbas rescisórias e que isso provocou o bloqueio do patrimônio, o que impediria o pagamento dessas verbas.


Ex-funcionários de clube de tiro de Caruaru entram com ação conjunta na Justiça por falta de pagamento de salários — Foto: Reprodução

São 27 ações trabalhistas em tramitação nas três varas do trabalho de Caruaru. A maior parte das ações estão com audiências de conciliação. Porém, nas que as audiências de conciliação já foram realizadas, a empresa não apresenta proposta de acordo, apenas alega que não pode fazer o pagamento por seu patrimônio encontrar-se bloqueado.

Na 37ª Vara da Justiça Federal, o Juiz Dr. Temístocles Araújo atendeu ao pedido das ações e determinou a manutenção do bloqueio sob partes dos valores e remessa de parte desses valores para Justiça do Trabalho para atender o pagamento de parte dos valores dos trabalhadores.

Por meio de nota, a Justiça Federal em Pernambuco (JFPE) informou que aguarda resposta da Justiça Trabalhista para efetivação da transferência bancária dos valores devidos. "No dia 7 de março de 2023, o juízo da 37ª Vara Federal determinou a expedição de ofício à Justiça Trabalhista para que informe conta bancária para imediata disponibilização integral da importância apreendida", diz o TJPE por meio de nota.

Operação desarticulou organização criminosa

Em outubro de 2022 foi deflagrada a primeira fase da Operação Zona Cinza em Caruaru. Um inquérito policial foi instaurado para apurar que um clube de tiro e uma loja de armas pertencentes ao mesmo grupo estariam ministrando cursos, prestando serviços de conserto, manutenção e customização de armas de fogo realizados por pessoas sem licença da Polícia Federal.

Na ocasião foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, 37 mandados de busca e apreensão, 11 ordens de suspensão das atividades de natureza econômica de pessoas jurídicas, sequestro de bens adquiridos a partir de 2019 e bloqueio de valores.

A segunda fase da Operação Zona Cinza aconteceu em dezembro de 2022, e nela foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão de armamentos, munições, carregadores e outros equipamentos bélicos.

Em nota, a Polícia Federal informou que a investigação teve início em outubro de 2021 em Caruaru, Agreste de Pernambuco. Um inquérito policial foi instaurado para apurar que um clube de tiro e uma loja de armas pertencentes ao mesmo grupo estariam ministrando cursos, prestando serviços de conserto, manutenção e customização de armas de fogo realizados por pessoas sem licença da Polícia Federal.

Por g1 Caruaru

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