Na sentença, juiz Cesar Arthur Cavalcanti de Carvalho registrou que MPF não apresentou análise de dados fiscais e bancários dos denunciados e que maioria dos suspeitos não foi ouvida no inquérito policial.
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Justiça Federal em Pernambuco — Foto: Ascom JFPE
A Justiça Federal rejeitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), o ex-secretário municipal de Saúde, Jailson Correia, e outras nove pessoas por supostas irregularidades em contratos relacionados ao combate à Covid-19. O caso foi investigado em 2020 pela Polícia Federal na Operação Desumano.
A decisão, divulgada neste sábado (13), foi proferida em primeira instância na quarta (10), pelo juiz titular da 13ª Vara Federal de Pernambuco, Cesar Arthur Cavalcanti de Carvalho.
Na sentença, o magistrado registrou que, desde que a denúncia foi protocolada, em maio de 2021, o MPF não apresentou a análise dos dados fiscais e bancários dos denunciados e que, "sem justificativa aparente", “mais da metade” dos suspeitos não foi ouvida no inquérito policial.
“Neste cenário, reputo que a denúncia tal como posta não se mostra madura, tampouco apta a sustentar o início da ação penal, ao menos por ora. Nada impede, contudo, a apresentação de nova peça acusatória ulteriormente, com apoio em lastro probatório suficiente à denunciação, se assim entender o MPF”, afirmou o juiz na sentença.
Procurado pelo g1, o MPF disse que vai recorrer da decisão, mas não vai se pronunciar sobre o assunto "no momento".
A Polícia Federal informou que só deve se manifestar na segunda (15).
Relembre o caso
Em setembro de 2020, a Polícia Federal prendeu um empresário e fez buscas nas secretarias de Saúde do Recife e de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana.
Entre os denunciados, estavam:
o ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio;
o ex-secretário de Saúde, Jaílson Correia;
o ex-secretário de Governo e Participação Social, João Guilherme de Godoy Ferraz;
o ex-diretor executivo de Administração e Finanças da Secretaria de Saúde, Felipe Bittencourt;
o empresário Paulo Magnus, diretor de uma empresa em gestão de saúde;
Jairo Luís Flores, presidente do Instituto Humanize de Assistência e Responsabilidade Social - responsável pela gestão do Hospital de Campanha da Imbiribeira
De acordo com a PF, uma organização social de saúde (OSS) foi contratada pelo prazo de seis meses pelas prefeituras para gerenciar os hospitais de campanha da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, e de Jaboatão dos Guararapes.
Na época, a Polícia Federal informou ainda que os contratos foram firmados com dispensa de licitação em ambos os casos, o que chamou a atenção da Controladoria Geral da União (CGU).
O que dizem os denunciados
Procurado pelo g1, o escritório Rigueira, Amorim, Caribé, Caúla e Leitão - Advocacia Criminal, que representa o ex-prefeito Geraldo Julio, o ex-secretário Jaílson Correia e o ex-diretor Felipe Bittencourt, disse que:
⏩ "ressalta o acerto da decisão judicial, que reconheceu a precipitação da denúncia ofertada pelo Ministério Público Federal e a ausência de provas para justificar a ação penal, em relação a todos os investigados";
⏩ "a defesa reitera estar convicta do adequado combate à pandemia, então realizado por dedicados servidores públicos da Secretaria de Saúde da Cidade do Recife, cujo trabalho possibilitou a montagem célere de Hospitais de Campanha e o atendimento à população".
O g1 também entrou em contato com as defesas de João Guilherme de Godoy Ferraz e Paulo Magnus, mas, até a última atualização da reportagem, não obteve respostas. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Jairo Luís Flores.
Por g1 PE
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