sexta-feira, 19 de maio de 2023

Quatro policiais são indiciados em inquérito sobre PM que assassinou esposa grávida, atirou em colegas e se matou

Crimes aconteceram em 20 de dezembro de 2022. Guilherme Santana Ramos de Barros matou dois policiais e baleou outros dois PMs.

Quatro PMs são indiciados por prevaricação no caso de Guilherme Barros

Quatro policiais militares foram indiciados após a conclusão do inquérito sobre o caso do soldado da PM Guilherme Santana Ramos de Barros, de 27 anos, que assassinou a esposa grávida, atirou em colegas de farda e se matou (veja vídeo acima). Os crimes aconteceram em 20 dezembro de 2022 .

Claudia Gleice da Silva, de 33 anos, foi morta a tiros no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, e os PMs foram baleados no 19º Batalhão, no bairro do Pina, na Zona Sul da capital, onde o soldado trabalhava.

Sobre o indiciamento, a Polícia Militar informou que:

⚠️ Dois soldados foram indiciados por prevaricação, que é quando um funcionário público deixar de praticar ato devido. Isso porque eles não impediram a entrada do PM no batalhão, nem intervieram após o início dos disparos;

⚠️ Um cabo foi indiciado por prevaricação e fraude processual, por ter recebido mensagens do soldado falando sobre o crime e, além de não informar ao quartel, deletou o conteúdo do próprio telefone;

⚠️ O soldado foi indiciado por prevaricação e omissão penalmente relevante, por também ter recebido mensagens do soldado, mas não ter repassado a informação aos superiores.

Ao g1, o coronel Luiz Cláudio de Brito, chefe de comunicação da PM, disse que, além do indiciamento pela polícia, os agentes públicos serão alvo de investigação administrativa no Conselho de Disciplina, na Corregedoria da SDS. Ele afirmou que o indiciamento foi uma surpresa para a PM.

"O cabo que deletou as mensagens estava de folga, no Rio Grande do Norte, e recebeu contato de Guilherme perguntando a repercussão do feminicídio em Pernambuco. Ele percebeu que o amigo tinha cometido um crime, mas não agiu com proatividade de informar às autoridades. Além disso, quando soube da atrocidade no batalhão, apagou as mensagens", afirmou o coronel.

O porta-voz da PM informou que o soldado que matou a esposa e os colegas jogou o celular pela janela de um carro de aplicativo, antes de chegar ao batalhão. Entretanto, o motorista encontrou e deu à polícia. Foi assim que a corporação descobriu as mensagens.

"O outro policial era amigo de Guilherme, que disse, por escrito, que ia se dirigir ao quartel, onde mataria dois ou três. Caberia a ele informar de imediato ao quartel, para que o corpo da guarda não permitisse o acesso de Guilherme ao local", declarou.

Sobre os outros dois policiais indiciados por prevaricação, o coronel Brito informou que eles faziam parte do corpo da guarda.

"Recepcionaram Guilherme e acharam que ele estava sendo perseguido por alguém, pela forma como ele chegou. Foram 14 segundos até a sala de monitoramento, e eles não adotaram providências. Depois, ouviram os disparos num recinto fechado, sabiam que era um atirador ativo. Foi um ato de covardia, porque o corpo da guarda tem o papel de defender o quartel e companheiros que estão lá, que estão desprevenidos", explicou.

Foto de dezembro de 2022 mostra várias pessoas e uma viatura em frente ao 19º BPM após policial atirar em colegas e se matar — Foto: Luna Markman/TV Globo


Por Pedro Alves e Artur Ferraz, g1 PE

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