segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Justiça decreta prisão preventiva de PM e de policial penal envolvidos em tiroteio com dois mortos no Recife

Homens estavam em um bar em Boa Viagem, quando iniciaram uma discussão. Os dois agentes de segurança e três pessoas ficaram feridas.

Troca de tiros no Recife termina com 2 mortos e 5 feridos

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decretou a prisão preventiva do major da Polícia Militar e do policial penal envolvidos em uma troca de tiros que deixou dois mortos em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, no sábado (5). Os dois agentes de segurança e outras três pessoas ficaram feridas no tiroteio.

A prisão em flagrante dos dois foi convertida em preventiva pelo juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques durante audiência de custódia, informou o TJPE nesta segunda-feira (7). O policial militar José Dinamérico Barbosa da Silva Filho e o policial penal Ricardo de Queiroz Costa foram autuados por homicídio e tentativa de homicídio pela Polícia Civil.

Costa estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Joana e o quadro de saúde era considerado estável nesta segunda-feira (7), segundo o advogado dele. O PM estava no Real Hospital Português em observação, segundo a Secretaria de Defesa Social. Ambos ficaram sob custódia policial.

O policial penal aguardava exames para verificar se houve infecção e o policial militar, segundo o hospital, passou por cirurgia e está com quadro de saúde estável, tomando medicamentos para controle da dor.

Discussão entre PM e agente penitenciário termina com dois mortos

Quando tiverem alta do hospital, os dois agentes devem prestar depoimento à Polícia Civil. Como o mandado de prisão já foi emitido, o PM deve ser encaminhado ao Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, no Grande Recife, enquanto o policial penal deve ir para o Centro de Triagem (Cotel), no mesmo município.

A defesa do policial penal afirmou, no domingo (6), que ele agiu em legítima defesa. O G1 não localizou a defesa do major da PM.

O motivo da discussão não foi divulgado pelos investigadores. No entanto, o advogado do Sindicato dos Policiais Penais, Eduardo Morais, afirmou que a confusão ocorreu após o PM ficar encarando a mulher de Costa e uma discussão verbal.

Além do inquérito policial, um inquérito administrativo foi instaurado pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), acompanhado tanto pela Polícia Militar, quanto pela Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres).

Troca de tiros

Peritos do Instituto de Criminalística (IC) recolheram imagens do circuito interno de segurança dos prédios da vizinhança — Foto: Reprodução/TV Globo

O bar onde ocorreu o tiroteio fica localizado na esquina da Rua Professor José Brandão com a Rua Antônio de Sá Leitão. A troca de tiros, segundo a investigação, aconteceu por volta das 18h30.

Os mortos eram clientes do bar e, segundo testemunhas, não estavam envolvidos na briga. Eles foram identificados como Ekel de Castro Pires, de 69 anos, e Claudio Bezerra Bandeira de Melo Sobrinho, de 57 anos. Claudio foi sepultado no domingo (6).

O cônsul do Paraguai, Guillermo Insfran, confirmou que, entre os feridos no tiroteio, está o filho dele, Eduardo Insfran. Segundo o diplomata, Eduardo foi atingido na barriga, mas de maneira superficial e passava bem.

Também ficaram feridos na troca de tiros Eva Valéria do Nascimento, que não teve o estado de saúde divulgado, e George Mauro Vasconcelos, que foi socorrido para o Hospital da Restauração e tinha quadro de saúde considerado grave no domingo.

Nesta segunda (7), a Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que George Mauro "continuava em observação no hospital após a cirurgia realizada na noite de sábado".

Ainda segundo a pasta, ele permanecia em estado grave, "sem previsão de alta hospitalar, sendo acompanhado pela equipe".

Um vídeo, enviado ao G1 pelo WhatsApp, mostrou o socorro a um dos feridos após o tiroteio (veja vídeo acima). Nas imagens, uma pessoa está no chão e é ajudada por outras a levantar, entrando em um carro.

O policial penal estava no bar com a mulher, o filho e uma amiga, segundo o advogado dele. O major da PM estava acompanhado de parentes e de um soldado do Batalhão de Operações Especiais (Bope), de acordo com a investigação.

A Polícia Militar afirmou que foram apreendidos no local três pistolas, quatro carregadores e 39 munições de calibres diversos. O material foi encaminhado para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que conduz o inquérito policial.

Peritos do Instituto de Criminalística (IC) recolheram imagens das câmeras de segurança de um edifício próximo, assim como outros materiais que possam auxiliar as investigações.

Cápsula deflagrada foi encontrada no local onde PM e policial penal trocaram tiros em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

O policial penal Ricardo de Queiroz está há oito anos na Secretaria de Ressocialização e faz parte do Grupo de Operações e Segurança da Seres (Gos-Seres). O major José Dinamérico está cedido ao Tribunal de Justiça de Pernambuco desde 2018 e atuava na área administrativa da Assistência Policial Militar e Civil, segundo o TJPE.

O tribunal afirmou que "está acompanhando o caso e aguardando a apuração para tomar as medidas necessárias". A Assistência Policial é integrada por policiais militares e civis, além de bombeiros militares, que atuam na segurança de magistrados e servidores e também para garantir a proteção das instalações físicas das unidades judiciais e de atuar na prevenção de situações de periculosidade.


PM punido anteriormente

O major da PM envolvido no tiroteio em Boa Viagem foi punido, em 2017, por uma confusão com um oficial superior durante uma confraternização, segundo o boletim geral da Secretaria de Defesa Social, disponível no portal do órgão.

O policial foi acusado de "atacar a honra de oficial superior" em um post em um grupo de WhatsApp e também de supostamente agredir oficial com um empurrão durante confraternização, ocorrida em 2013, ainda de acordo com o documento. Na ocasião, ele foi punido com pena disciplinar de 30 dias de prisão.

Fonte: G1 PE

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