terça-feira, 30 de junho de 2020

PE realiza estudo para tratar doentes graves com Covid-19 usando plasma do sangue de pessoas curadas

Projeto, desenvolvido pela UPE, instituições de saúde e Hemope, teve início nesta segunda (29), com convocação de voluntários para fazer doação.

Plasma de sangue de pacientes curados da Covid-19 será usado em estudo para tratamento de doentes em estado grave em Pernambuco — Foto: Thaier Al-Sudani/Reuters


A Universidade de Pernambuco (UPE), instituições de saúde e a Fundação de Hemoterapia de Pernambuco (Hemope) deram início, nesta segunda (29), a um estudo para tratar pacientes com a Covid-19, internados em estado grave, usando plasma sanguíneo. A ideia é testar os anticorpos contidos na parte líquida do sangue de pessoas curadas para neutralizar o novo coronavírus.

Em 1º de junho, o governo anunciou outro estudo com plasma. De acordo com o estado, a meta é testar o sangue de doadores para monitorar a pandemia. Com este inquérito de soroprevalência de anticorpos, Pernambuco pretende saber quantas pessoas já tiveram contato com o vírus.

O projeto de tratamento de pacientes graves com uso do plasma tem participação dos hospitais Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) e Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), ligados à UPE, além do Hospital das Clínicas (HC), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Ele é dividido em duas etapas: convocação de pessoas que tiveram a doença e estão curadas há mais de 30 dias, para doação do plasma, e o tratamento com os anticorpos em pessoas que estão internadas.

Segundo o infectologista Demócrito Miranda Filho da UPE, a primeira fase, que teve início nesta segunda, consiste em uma campanha para a convocação de, ao menos, 300 pessoas que tiveram a Covid-19.

“Vamos produzir o plasma. Abrimos a convocação e teremos um área no site para agendamento. O voluntário também pode se cadastrar pelo 0800 0811535”, afirmou.

Para participar, de acordo com o professor, é preciso ser homem, ter entre 18 e 69 anos, além de comprovar o diagnóstico laboratorial de forma grave da doença, bem como ter apresentado sintomas.

Também é preciso estar apto para doar, seguindo as normas do Hemope. Um dos critérios é ter mais de 50 quilos. A pessoa também não pode participar depois de ficar mais de 12 horas se se alimentar de forma correta.

“Mulheres não podem participar. Há um entendimento de que plasma de mulheres, em caso de gestação, pode ter impacto em questões respiratórias”, observou o coordenador do estudo.

O infectologista disse que a ideia é ter 300 doadores para poder fazer a amostra para o estudo. “Vamos usar o plasma rico em anticorpos em 110 pessoas e o tratamento convencional, com as drogas já usadas, em outras 1100 pessoas”, afirmou.

O estudo pretende aplicar o plasma em pessoas que apresentam doenças como hipertensão e diabetes, que fazem parte dos grupos prioritários de tratamento.

Demócrito Miranda Filho disse também que não será preciso contar com todos os doadores para dar início à segunda etapa do estudo, prevista para julho.

“Nossa ideia é começar ainda em julho os estudos clínicos com o plasma rico em anticorpos da Covid-19. A Fiocruz vai avaliar as informações e só teremos o cruzamento dos dados no final do estudo”, informou.

De acordo com o infectologista, a finalização do estudo não será rápida. “É uma questão de segurança para o ensaio técnico”, observou.

Demócrito Miranda Filho afirmou, ainda, que a finalidade do estudo é mostrar se o plasma rico em anticorpos da Covid-19 é capaz mesmo de neutralizar o novo coronavírus. “Temos uma base teórica e vamos fazer o estudo para tentar comprovar a eficácia”, comentou.

Fonte: G1 PE

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