João Campos (PSB) e Raquel Lyra (PSDB) acompanharam o presidente Lula (PT) em agendas no Recife nesta terça-feira (2) (Sandy James/DP)
A nova passagem do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) pelo Recife nesta terça-feira (2), realizando uma série de entregas e anúncios para o estado em duas agendas ao longo da tarde, serviram mais uma vez como termômetro para sua relação com a governadora Raquel Lyra (PSDB) e com o prefeito, João Campos (PSB), além da popularidade dos gestores aos olhos dos eleitores da capital.
E, pelo menos em cima dos palanques, Lula e João Campos parecem mais próximos a cada encontro. “O presidente veio quatro vezes a Pernambuco e ao Recife, trazendo sempre ação positiva, compromisso, obra, integração”, discursou o prefeito, agradecendo os investimentos federais e a presença de Lula no município, presenteando-o com uma árvore da felicidade.
O petista, por sua vez, devolveu os acenos rasgando elogios ao socialista durante a entrega dos habitacionais Vila Brasil I e II, e relembrando sua amizade com o finado ex-governador Eduardo Campos. “É uma alegria trabalhar com um prefeito da qualidade do João Campos. Fui muito amigo do pai dele. Nunca um presidente da república e um governador tiveram uma relação tão sólida. Eduardo Campos está no céu, se mexendo, porque esse moleque vai ser melhor que ele para governar o nosso povo”, declarou.
E mesmo fora dos holofotes, como na solenidade de assinatura dos acordos indenizatórios aos proprietários de prédios-caixão do estado, João Campos ganhou afagos do presidente. Apesar da pressa para voltar a Brasília, encerrando o evento sem um discurso final, Lula se despediu do prefeito - sentado na plateia - publicamente. “João, espere que nós voltaremos muitas vezes aqui em Pernambuco, dê um abraço na sua mãe e irmãos”, disse.
O aceno pode ser entendido como uma sinalização de que ambos presidente e prefeito andam juntos durante o período eleitoral, e que Lula não apenas deve subir no palanque socialista na campanha de reeleição em outubro, mas também numa possível disputa do Governo Estadual em 2026. Ainda, reforça as palavras da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que garantiu que a legenda marcha com João Campos no Recife independente de ganhar ou não a vice em sua chapa - tópico ainda cercado de incerteza.
Raquel Lyra não recebeu a mesma atenção dos petistas. Apesar de manter uma visível boa relação com Lula, a tucana é sempre referenciada em discursos como um exemplo de relação institucional amigável com o lado adversário. “Quando visito o estado, não quero saber se a governadora gosta de mim ou não, se é do meu partido ou não. Se foi eleita, trato o povo com o mesmo respeito que trato um governo nosso”, disparou o presidente.
Entretanto, o distanciamento dos bolsonaristas e aproximação com figuras da ala progressista também não significam uma mudança de lado para Raquel, mas um teste de temperaturas. Ao deparar-se com pedidos do público para que fizesse o ‘L’ ao lado de Lula, preferiu se fazer de desentendida e responder com o gesto de coração de sua campanha.
Mas seja por arrependimento ou para arriscar um agrado à militância, chegou a referenciar o gesto lulista em seu discurso. “Aqui, o ‘L’ de liberdade e o ‘L’ do presidente, comemorando hoje os 200 anos da Confederação do Equador, lembramos que o estado só se faz com democracia e com o atendimento da população mais pobre”, declarou.
Aplausos e vaias
As agendas presidenciais em Pernambuco são os poucos momentos em que João e Raquel exercitam a política da boa vizinhança e dividem palanques com sorrisos no rosto, seja na presença do próprio presidente, ou de algum de seus ministros. No entanto, também são os momentos que mais acentuam sua rivalidade.
João Campos subiu ao palco do habitacional Vila Brasil II ovacionado, uma popularidade esperada de um político que aparece com 81% de intenção de votos nas pesquisas para a prefeitura do Recife. Cada frase de efeito ou breve momento de silêncio era interrompido pelos cantos de “melhor prefeito do Brasil”, já famosos pelo Recife.
Raquel Lyra, por sua vez, ainda divide a platéia. Os aplausos de parcela dos presentes não é tão intensa, e se perdem em meio às vaias. Assim como aconteceu em eventos anteriores, o presidente Lula precisou intervir para evitar o constrangimento da governadora - desta vez, no entanto, apenas ficou de pé ao seu lado, sem sermões.
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