terça-feira, 15 de outubro de 2019

16 de novembro em Nova Jerusalém “A Ceia dos Cardeais”


 “A Ceia dos Cardeais” 

Por que “A Ceia dos Cardeais”? 

Antes de tudo, trata-se de um clássico da dramaturgia portuguesa, quiçá mundial, já que foi traduzida para mais de 20 idiomas e representada em diversos países mundo afora. 

O ambiente é o Vaticano do século XVIII, durante o pontificado de Bento XIV. 

Originalmente escrita em versos alexandrinos de rima cruzada, na presente adaptação foi transformada em prosa, mais coloquial e palatável ao público, e procurou-se dar maior agilidade ao texto, quebrando um pouco os extensos monólogos do original. Além disso, foram inseridos diálogos de cunho político, lastreados em cuidadosas pesquisas históricas, configurando os delicados momentos vividos pela cúpula da Igreja Católica, diante do desabrochar das correntes de pensamento humano que floresciam na Europa setecentista, notadamente na França, quando grandes filósofos do chamado “iluminismo”, ameaçavam as estruturas filosóficas tradicionais do Vaticano. 

Bento XIV foi considerado um papa atuante, reformista e avançado para a sua época. Enfrentou com serenidade e simpatia as impactantes correntes filosóficas dos cérebros do iluminismo e do absolutismo tendo sido, por isso, alvo de muitas críticas principalmente das alas mais conservadoras da Igreja Romana. Como resultado, estabelece-se entre os três personagens da trama, uminteressante, alegre e bem humorado debate onde se destacam as diferentes posições dos velhos cardeais: de um lado, o conservadorismo notório do cardeal espanhol, chegando às raias do extremismo mais radicale, de outro lado, as colocações modernistas e liberais do cardeal francês, delineando uma posição bastante avançada de tolerância e até de admiração pelo pensamento dos grandes filósofos do iluminismo; por fim, o cardeal português, conciliador e equilibrado, evitando e criticando os posicionamentos extremados dos seus dois colegas e comensais, e sempre procurando desviar o rumo das conversas para o lado mais material do encontro, qual seja a lauta ceia entre velhos e bons amigos. 

Como se deduz, essas discussões têm, em si próprias, um quê de atualidade muito viva, alegre e de muito bom humor para além das esclarecedoras lições de história da humanidade. 

O que se pretende com “A Ceia dos Cardeais”? 

Ao texto consagrado de Júlio Dantas, impôs-se uma nova leitura. Com a adaptação de autoria de dois dos intérpretes dessa nova encenação, o contexto foi atualizou-se como temática contemporânea. 

Dessa forma, o rótulo de clássico antigo ou ultrapassado não cabe a esse espetáculo. Embora escrito ao apagar das luzes do século XIX e de haver sido estreado em 1902, o texto é de uma expressividade tal que se adapta com rara consistência ao que se pretende como peça moderna, bem ao gosto das atuais plateias brasileiras. Por fim, essa encenação, sem descurar de uma cenografia de época e de requintado figurino, põe em evidência, pela interpretação do elenco composto de três consagrados atores da cena pernambucana, acima de tudo, o lado humano, ou humanístico, como queiram, dos velhos príncipes da igreja: emoções afloram, paixões são reveladas, segredos são desvendados. Confidências, enfim, de três simples mortais, recordando suas juventudes, suas vidas, seus amores e seus pecados. Até os santos pecam. 

Pode-se dizer que “A Ceia dos Cardeais”, nesta nova adaptação nada tem de dogmática. Objetiva, isso sim, ser alegre, divertida e culturalmente pedagógica. 

Há muito que se divertir e aprender assistindo-a. A conferir. 



FICHA TÉCNICA 

Texto: A CEIA DOS CARDEAIS ’ 

Original: JÚLIO DANTAS 

Adaptação: Carlos Reis e Rogério Costa 

Elenco: CARLOS REIS - Cardeal Gonzaga 

PAULO DE PONTES- Cardeal Montmorency 

ROGÉRIO COSTA - Cardeal Rufo 

Direção: CARLOS REIS 

Cenografia e figurinos: ROGÉRIO COSTA 

Execução dos figurinos: SÔNIA SILVA 

Sonoplastia: ROGÉRIO COSTA 

Operação de luz e som: MARCOS DANIEL 

Camareira: MARIA LEMOS 

Promoção: NENA PACHECO 

AGRADECIMENTOS: Pousada da Paixão, Rádio Nova FM, Supermercado Katatal, Valdeci José (Nequinho), Tânia Gulde Pacheco.


Blog Fazenda Nova Online

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