segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

As novas e velhas incertezas para a economia em 2024

2024 inicia com os níveis de inadimplência e endividamento altos. Quanto à máquina pública, houve redução de despesas (Crédito: Marcelo Casal Jr / Agência Brasil)


No fim de 2022, o cenário previsto para a economia global e nacional, em 2023, não era animador. Vários sinais de alerta foram ligados, a partir das expectativas dos

analistas do mercado, mas o que se viu no decorrer dos meses assinalou surpresas.

O apanhado marcou inflação em queda, taxas de juros com viés de baixa e mercado de trabalho aquecido. Na avaliação de especialistas, o ciclo que se encerrou ontem alcança o patamar de moderado, mas ainda carrega novos e velhos desafios para 2024, que se inicia hoje.

No recorte de Pernambuco, onde a economia é apontada como

de baixo dinamismo, o nível de desemprego registrou a média de 13,2%, além de uma taxa de informalidade considerada alta, abrangendo 49,1% dos ocupados. É o que aponta o economista Edgard Leonardo. “O resultado dessa equação traz um baixo rendimento médio, em torno de R$ 2.090, sendo um fator negativo para nossa realidade”,

explica. O ano também foi marcado pela perda de arrecadação de ICMS e baixo volume de investimentos.

Na lista desfavorável ainda figura o alto grau de inadimplência e endividamento dos pernambucanos. Contudo, houve redução de despesas com a máquina pública.

No cenário mundial, que repercute no país, Edgard traz dentro do balanço a economia chinesa, importante referência para países exportadores de commodities. O modelo oriental apresentou melhoria, após o período de fortes restrições da política de covid zero. A previsão de crescimento, no entanto, deve ser menor em 2024, com cerca de 4,6%, segundo o FMI.

“O motivo de se olhar tanto em direção à China se deve ao fato de ser um importante parceiro da economia brasileira. No ano passado, o país comprou 27% de tudo o que o Brasil exportou e respondeu por quase metade do superávit comercial nacional, de US$ 62,3 bilhões”, explica.

Após um ambiente polarizado pelas eleições de governadores e presidente, o ano teve início com incertezas. A guerra da Rússia contra a Ucrânia e o posterior conflito entre Israel e o Hamas também trouxe consequências que afetaram diversos setores, com destaque para o agronegócio e a logística.

O economista Thulio Fioravante lembra que 2023 foi um ano marcado por rombos e recuperações judiciais. O caso das Lojas Americanas, destaca, trouxe um olhar atento sobre auditorias e de como empresas de grande porte estavam sendo geridas. “Ainda tivemos o episódio da 123 Milhas, que deixou muitos clientes desassistidos. É possível pontuar a Starbucks, uma grande rede de cafeterias americana, que foi pouco comentada, mas que também pediu recuperação judicial na sua operação brasileira.

E as instabilidades financeiras de grandes empresas, como a Magazine Luiza, que continuou apresentando prejuízos e preocupando investidores”, enumera. O pessimismo que rodeou 2023 também trouxe resquícios da preocupação com os aportes em benefícios sociais, gerados durante a pandemia e liberados para a população de baixa renda. Conforme a visão do advogado tributarista e mestre em direito econômico Felipe Crisanto ocorreu uma redução forçada de tributos. “Temos o exemplo dos encargos sobre os combustíveis, como ICMS, PIS, Cofins.

E também uma tentativa do governo de diminuir a perda arrecadatória, em razão da chamada tese do século, com um aumento da carga tributária indiretamente. Houve uma atenuação dos créditos do lucro real, retirando do custo de aquisição”, detalha. Ele ainda adiciona pontos de relevância, como a desoneração da folha de pagamento e a Reforma Tributária.

Entre os desafios para o novo ano, apontado pelos especialistas, está o rebaixamento de Pernambuco no índice de Capacidade de Pagamento (Capag), auferido pela Secretaria do Tesouro Nacional. A nota de crédito do estado saiu de B para C. Na prática, isso prejudica o pedido de empréstimos, deixando de contar com o aval da União para a obtenção de juros mais baixos, gerando o chamado “dinheiro caro”.

Na síntese com os fatos mais significativos está, ainda, a promessa do trecho pernambucano da Ferrovia Transnordestina, de Salgueiro ao Complexo de Suape.

A obra foi, inicialmente, excluída da concessão, mas se mantém como apalavrada pelo presidente Lula.

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