A pesquisa aponta que Pernambuco manteve o alto índice de vítimas negras, totalizando 11 mortos pela polícia em 2022, somente no Recife (Foto: Divulgação)
As balas disparadas em ações policiais só tiraram a vida de pessoas negras em quatro cidades do Grande Recife, em 2022.
A informação é da pesquisa “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, desenvolvida pela a Rede de Observatórios de Segurança, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC). Os resultados do quarto estudo deste tipo foram divulgados nesta quinta-feira (16).
A pesquisa aponta que Pernambuco manteve o alto índice de vítimas negras, totalizando 11 mortos pela polícia em 2022, somente no Recife.
Outros três municípios da Região Metropolitana também registraram apenas mortes de pessoas negras no ano passado, são eles: Igarassu, com sete vítimas, Olinda, com seis vítimas e Cabo de Santo Agostinho, com cinco vítimas.
“É perceptível o quanto a violência toma uma nova forma ao chegar na juventude. Marginalizados e sem direitos e acessos básicos, corpos negros nas periferias são alvos de execuções brutais pela polícia, tendo o racismo como motor para esses eventos de violência. O descaso é ainda maior quando os casos acontecem no interior do estado, pois ainda existe uma enorme falta de assistência e políticas públicas voltadas para essas regiões. É como se não existissem”, diz Edna Jatobá, coordenadora do Observatório de Pernambuco.
Panorama estadual
O estudo ainda mostra que, apesar de uma leve queda no número total de mortes provocadas por policiais, Pernambuco manteve o alto índice de vítimas negras, sendo 89,66% do total de 87 casos em que foram informadas cor e raça.
Em 2022, o estado registrou 91 mortes decorrentes de intervenção do Estado. Destas vítimas, 78 eram pessoas negras, ou seja, 89,66% das vítimas.
O estudo leva em conta os critérios determinados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que classifica os negros e pardos a partir da autodeclaração destas pessoas.
A pesquisa realizada em 2021 mostrou que Pernambuco tinha o segundo maior percentual de negros mortos entre os sete monitorados pela rede, com 96%. A cada quatro dias, uma pessoa negra era morta pela polícia no estado.
Esses números são puxados pela situação de Recife, onde todos os mortos pela polícia, em 2021, foram negros.
Cenário nacional
O novo boletim Pele Alvo ainda revela que no ano de 2022 uma pessoa foi morta a cada quatro horas pela polícia. A pesquisa foi feita nos oito estados monitorados, são eles Pernambuco, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
O monitoramento feito pela Rede de Observatórios da Segurança, com base nas informações das secretarias estaduais de segurança pública, constatou em 2022 que, das 4.219 vítimas decorrentes de intervenção do Estado, 65,66% eram pessoas negras, totalizando 2.770.
Foto: Divulgação/Rede de Observatórios de Segurança
A Bahia assumiu o topo do ranking como a unidade federativa que mais mata, ultrapassando o Rio de Janeiro. A população do estado baiano é composta por 80,80% de pessoas negras, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A proporção de negros mortos decorrentes da intervenção do estado foi de 94,76%, considerando somente as vítimas que tiveram cor ou raça identificadas.
De acordo com o estudo, a letalidade da polícia na Bahia gerou 1.465 mortes. No Rio de Janeiro foram 1.330 vítimas.
Considerando os dados oficiais sobre raça e cor disponíveis, eram negros 87,35% (ou 2.770 pessoas) dos mortos por agentes de segurança estaduais no ano passado. Como nos estudos anuais anteriores, o novo monitoramento demonstra o alto e crescente nível da letalidade policial contra pessoas negras.
Fonte: Diário de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário