Auxiliar administrativo diz que foi chamado do lado de fora da loja e que recebeu 'ordem' de retirar produtos do bolso, sob alegação de câmeras haviam gravado o suposto furto. Homem tinha papéis no bolso e nota fiscal dos produtos.
Delegacia de Boa Viagem, localizada na Zona Sul do Recife — Foto: Marina Meireles/g1
Um segurança da loja Riachuelo do Shopping RioMar, na Zona Sul do Recife, foi preso em flagrante e autuado por constrangimento ilegal após acusar um cliente negro de roupar produtos do estabelecimento. A denúncia foi feita pelo auxiliar administrativo Irenildo Florêncio, de 48 anos, conhecido como Djydjo do Ibura, que chamou a polícia logo após a abordagem do segurança.
Após a chegada dos policiais, o segurança da loja foi detido e levado para a Delegacia de Boa Viagem, na Zona Sul, onde foi autuado por constrangimento ilegal. Após passar por audiência de custódia, ele foi liberado para responder ao processo em liberdade.
No dia 14 de setembro, o advogado de Irenildo Florêncio protocolou na Justiça um pedido para que o homem seja investigado também pelo crime de racismo.
“Eu participava de um evento no shopping e, quando acabou, fui na Riachuelo comprar meias. Comprei três pares de meias e, depois que saí da loja, quando estava quase na escada rolante, o fiscal da loja me chamou e perguntou: ‘Cadê as outras meias que você colocou no bolso da sua calça?’. Ele disse que a câmera da loja tinha me flagrado. Ele me obrigou a tirar as coisas que eu tinha na calça e só tinha papel toalha”, contou Irenildo Florêncio, em entrevista ao g1.
Segundo o auxiliar administrativo, depois que ele mostrou a nota fiscal de compra e provou que não tinha roubado os produtos, o segurança pediu desculpas e se afastou. Foi quando Irenildo decidiu ligar para a polícia e denunciar o que estava acontecendo.
Nota fiscal de compra de meias feita por Irenildo Florêncio na loja Riachuelo do Shopping RioMar — Foto: Foto: Reprodução/WhatsApp
O advogado Kléber Freire, que representa Irenildo Florêncio, entrou com um pedido para que seja investigado também o crime de racismo.
“Dei entrada no pedido para que também seja investigado o crime de racismo, porque Irenildo acredita que a abordagem teve um viés discriminatório. Outras pessoas que não eram negras estavam na loja no mesmo momento e não foram abordadas”, explicou o advogado.
Respostas
Questionada pela reportagem do g1, a Riachuelo enviou nota, onde diz que "repudia todo e qualquer ato discriminatório e reforça que prestou todo apoio ao caso e que se mantém à disposição para continuar colaborando com as autoridades competentes".
A Polícia Civil de Pernambuco informou que registrou, na Delegacia de Boa Viagem, no dia 6 de setembro, uma ocorrência de constrangimento ilegal, realizada por um homem de que 49 anos que se sentiu constrangido por ter que mostrar notas fiscais da compra de meias, após sair de uma loja num centro de compras e que as investigações seguem até o esclarecimento do caso.
A assessoria de imprensa do Shopping RioMar disse que "a administração tomou conhecimento da denúncia que envolve um cliente e um colaborador de uma das operações" e que "as próprias partes acionaram as autoridades, sem envolvimento do shopping". O centro de compras disse que está "à disposição da Justiça para apoiar na elucidação do episódio".
Por g1 PE
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