quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Conversas de Raquel Lyra com Lula podem indicar aproximação política


Em nove meses das gestões federal e estadual, tem sido cada vez mais constante o diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a governadora Raquel Lyra (PSDB). Um ponto de interrogação se formou após o encontro não previsto em agenda entre o petista e a tucana na última segunda-feira (25). A informação que veio a público foi de que a “conversa rápida” tratou do repasse e execução de projetos com os recursos do Novo PAC. O acerto é natural, já que o chefe do Executivo Nacional tem uma cirurgia no quadril marcada para esta sexta-feira (29), e deve ficar algum tempo afastado das atividades oficiais, mas há quem diga que outros assuntos estão entrando, aos poucos, no circuito.

Interlocutores palacianos afirmam que, diferente do que vem sido apresentado por ambas as partes, as conversas podem representar mais do que uma relação meramente governista. “Uma parte de nós (do governo estadual) deseja e acredita na tendência de uma aliança com Lula para 2026, mas antes terá todo esse processo em 2024”, afirmou uma fonte, em reserva. Um possível apoio do presidente à reeleição da governadora só será possível se o diálogo para a disputa municipal em Pernambuco se acertar. Embora a discussão em torno de algumas prefeituras estratégicas, como Recife e Caruaru, sigam nebulosas entre os grupos políticos, há expectativa de que alguns gestos sejam feitos.

Um grande obstáculo para a consolidação é a reeleição do prefeito da capital pernambucana, João Campos (PSB), já que o Partido dos Trabalhadores colocou claro interesse em ocupar a vice-prefeitura na chapa, assim como há um forte movimento - quase obrigatório para o fortalecimento da governadora na Região Metropolitana - para o lançamento de um nome vinculado à gestão estadual.

Também é nítido que Raquel Lyra tem mais a ganhar com a aliança do que o PT em Pernambuco, que já se posicionou como oposição à gestora. A chefe do Executivo pernambucano enfrenta diversas resistências, mas o recente acordo com o PSD de Gilberto Kassab e do ministro da Pesca, André de Paula, que levou Cacau de Paula à cultura, pode facilitar o relacionamento entre os dois grupos a nível nacional.

Em conversa com a reportagem, o deputado estadual e presidente do PT em Pernambuco, Doriel Barros, afirmou que os diálogos não afetam em nada a conjuntura, e que o governo Lula preza pela boa relação institucional com todos os outros governadores. No entanto, não descartou que surja um eventual apoio, desde que este esteja alinhado com o projeto do presidente da República. “Nós queremos distância do bolsonarismo. Será nisso que iremos pautar a eleição de 2024 e, consequentemente, a de 2026. Os partidos que fazem parte e estão alinhados com o projeto do nosso governo estão à esquerda, e é com eles que esperamos dialogar”, afirmou.

Ainda que não haja qualquer sinalização para a saída de Raquel Lyra do PSDB, ferrenho opositor a Lula, outras fontes petistas afirmaram que uma eventual migração seria o caminho “mais fácil” para que a parceria fosse bem digerida entre os filiados ao PT. Com a chegada de Cacau de Paula no alto escalão do governo em agosto, aumentaram as especulações de diálogo avançado entre Raquel e o PSD para a mudança partidária, o que mais tarde foi desmentido pela governadora.

Mesmo com o “recuo”, a possibilidade futura do embarque da gestora em um partido de centro-esquerda não foi completamente descartada, segundo bastidores.


Fonte: Diário de Pernambuco

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