quinta-feira, 4 de abril de 2019

Sessão na CCJ é encerrada após Guedes ser chamado de 'tchutchuca'

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

A audiência que discutia a Reforma da Previdência, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, teve clima tenso do início ao fim, nesta quarta-feira (3). O ministro da Economia, Paulo Guedes foi duramente criticado por parlamentares da oposição, tendo a fala interrompida várias vezes. 

Guedes, que estava amparado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu às críticas. Após ser interrompido pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP), que questionou sobre possível retirada de direitos dasempregadas domésticas, o minstro atacou parlamentares de esquerda.

“Vocês estão há quatro mandatos no poder , por que não botaram imposto sobre dividendo, por que deram benefício para milionário, por que deram dinheiro para a JBS, por que deram dinheiro para o BNDES. Por quê? Vocês estiveram no poder. Nós estamos há três meses, vocês estiveram 18 anos no poder e não tiveram coragem de mudar. Não pagaram nada, não cortaram dividendos.”, afirmou, sob protesto e palmas dos presentes na sala onde ocorre a reunião.

Esse foi o segundo momento tenso da tarde de hoje na CCJ. Mais cedo, o bate-boca entre o ministro e os deputados ocorreu após Guedes fazer críticas aos opositores da proposta. “Se vocês fizerem como estão pensando e vocês embarcarem seus filhos, vão vê-los em situação como está atualmente o Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Minas Gerais”, afirmou Guedes.

A fala de Guedes gerou gritaria entre os parlamentares que assistiam à sessão. Deputados do Psol seguravam cartazes em protesto à reforma, com dizeres como "PEC da Morte" e "Reforma para banco lucrar". Também houve bate-boca entre o deputado Henrique Fontana (PT-RS) e o ministro, que deveria ter falado direto por 20 minutos, sem interrupções."Deputado, fale mais alto do que eu", disparou Guedes. 

Com os ânimos mais calmos, o ministro seguiu com as explicações e disse que cabe aos parlamentares determinarem a profundidade das alterações na Previdência. Mas que os caminhos adotadas resultaram em caminhos e soluções distintas. “Se a reforma for forte é possível pensar um futuro diferente para os seus filhos. Se for mais amena daqui quatro anos estarão aqui discutindo isso de novo”, analisou.

Mas o clima voltou a ficar tenso quando, após o retorno do intervalo ao fim da fala de Guedes, outra discussão começou. Desta vez, envolvendo o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que afirmou que o ministro é "tigrão" com uns e "tchutchuca" com outros, sugerindo que Guedes privilegia banqueiros e rentistas. 

"Estou vendo que o senhor é tigrão quando é com os aposentados, com os idosos, portadores de necessidade; é tigrão quando é com agricultores, com professores. Mas é tchutchuca quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país. O cargo público que você ocupa exige uma outra postura", afirmou Dirceu. 

Deputados aliados ao governo interromperam a fala do petista. Em seguida o ministro também se defendeu: "tchutchuca é a mãe! Tchutchuca é a avó!", revidou. "Eu te respeito. Você me respeita!", pediu Guedes, que ameaçou ir embora da audiência. 


A situação gerou um caos no plenário da CCJ e, após seis horas e meia, a sessão foi encerrada.


Blog Fazenda Nova Online
Com informações da Folha de S.Paulo

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