As diretrizes do Plano de Contingência das Doenças Respiratórias Sazonais na Infância foram lançadas, nesta segunda (26), pelo Governo do Estado
As doenças do sistema respiratório foram a principal causa de internação entre crianças no Estado de Pernambuco no ano de 2023, especialmente nos meses entre março e agosto (Foto: Rafael Vieira/DP)
As doenças do sistema respiratório foram a principal causa de internação entre crianças no Estado de Pernambuco no ano de 2023, especialmente nos meses entre março e agosto, período que apresenta aumento considerável de casos de infecções virais e bacterianas.
Somente entre março e julho do ano passado, Pernambuco recebeu a notificação de 2,6 mil casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), na faixa etária de 0 a 12 anos de idade. Dos casos notificados, foi possível identificar o agente etiológico em 686 deles.
Por isso, um dos pontos centrais da iniciativa é garantir a abertura de 100 novos leitos públicos, na medida em que forem necessários, para receber as crianças em todo o estado. Para isso, está garantida uma verba de R$ 9 milhões por mês. Esse dinheiro será usado para manter esses leitos.
O anúncio foi feito durante uma solenidade, que contou com a presença da governadora Raquel Lyra (PSDB) e apontou metas do plano.
“A ideia é estabelecer ações para a uma oportuna detecção e resposta aos casos, surtos ou epidemias decorrentes da circulação dos vírus respiratórios na infância", informou a secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti.
A preocupação da gestão estadual é prevenir o risco de possível sobrecarga nos serviços de internamento pediátrico no Estado.
Como será
O governo anunciou, por exemplo, a criação de um protocolo de atendimento estadual.
Essa será a regra que todo mundo precisará seguir para poder identificar os casos de forma precoce para oferecer o atendimento primário para as crianças.
De acordo com a secretária Zilda Cavalcanti, a ideia do Governo é estabelecer as ações para a detecção e resposta ao surto e epidemia decorrente da circulação desses vírus respiratórios na infância durante o período sazonal, entre março e agosto.
"Faremos isso de tal forma para prevenir o risco de possível sobrecarga nos serviços de internamento pediátrico no estado", disse. Ainda segundo ela, é preciso falar em "todas as medidas de prevenção".
Uma das metas é garantir a vacinação e a proteção das crianças, sobretudo, aquelas com menos de 2 anos, que têm mais risco de desenvolver os casos mais graves.
Os fatores que influenciam a sazonalidade de transmissão dos vírus respiratórios são as condições climáticas, umidade, densidade populacional, distanciamento, além da imunidade da população e as mutações virais.
Cavalcanti disse, ainda, que é necessário evitar "tudo que expõe essas crianças", como aglomerações e reforçar os cuidados com a lavagem das mãos.
A secretária justificou o lançamento do plano, dizendo que, quando existe uma sobrecarga muito grande de casos, há um aumento muito grande da demanda e uma dificuldade do sistema de saúde em atender todos.
"No ano passado a gente chegou a presenciar dificuldades inclusive com o sistema privado. Existiam hospitais privados que existiam listas de espera de criança para UTI, então é uma situação de aumento de demanda com um número de leitos que nem sempre consegue ser aumentado ao nível da necessidade porque a nossa experiência inclusive no ano passado foi a falta de equipes inclusive especializadas da pediatria e da UTI pediátrica", observou.
Objetivos específicos
Foto: Rafael Vieira/DP
Ainda durante a solenidade, foram anunciados os planos de ações e os objetivos específicos do plano de contingenciamento.
O objetivo principal é reduzir a morbimortalidade infantil (doenças causadas de morte em determinadas populações, espaços e tempos) relacionada ao período da sazonalidade dos vírus respiratórios, além de incrementar o atendimento Pediátrico no período de março a agosto de 2024, ampliar a oferta de leitos de assistência pediátrica.
O Plano de Ações ainda visa usar a telemedicina para ampliar o acesso à saúde de forma remota e a realizar campanhas publicitárias educativas.
Planos de ações
Entre os planos de ações estão:
Solicitação de antecipação da campanha anual de vacinação contra influenza ao Programa Nacional de Imunização para o fim de fevereiro;
Orientação junto aos municípios para intensificar vacinação nas escolas e horário estendido dos postos de vacinação;
Busca ativa de crianças que atendam os critérios de aplicação do Palivizumabe, um medicamento que induz imunização contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR);
Proposta ao Ministério da Saúde de ampliação da utilização do Palivizumabe para crianças prematuras (nascimento com 29 a 32 semanas de gestação) e o monitoramento conjunto por estado e municípios da aplicação do Palivizumabe durante a sazonalidade.
O programa é bastante extenso e aindas prevê como planos de ações as seguintes medidas:
Criação de protocolos de atendimento pediátrico para as redes estadual e municipais; Ampliação nas áreas de Atenção Primária, como pronto-atendimento de crianças em Unidades Sentinela;
Ampliação de leitos para atender o período da sazonalidade pediátrica;
As UPAs 24H, geridas pela SES, receberão incremento de recursos humanos e materiais.
Promoção de salas de espera dos usuários sintomáticos respiratórios.
Recomendação de uso de máscara por profissionais da saúde e usuários nas áreas dos serviços de saúde destinadas a atendimento de pessoas com sintomas gripais, conforme nota técnica SES-PE Nº 2/2024.
Estabelecimento de protocolo para regulação de leitos conforme gravidade dos quadros, com transparência na oferta e utilização dos leitos disponíveis.
Apoio aos municípios através de capacitação, orientação e disponibilização de teleinterconsulta.
Painel de Monitoramento
Será desenvolvido painel de acompanhamento da ocupação de leitos e Emergências Pediátricas nos moldes gerais utilizados durante a pandemia covid-19, para apoio nas tomadas de decisões com transparência da situação nas diferentes regiões do Estado.
A governadora Raquel Lyra falou da importância do lançamento do plano de contingenciamento e citou algumas ações do plano para diminuir o sofrimento das mães e também das crianças que necessitam de atendimento.
"Estamos investindo R$ 9 milhões por mês para garantir o material humano, os insumos necessários para este enfrentamento com a abertura dos leitos adequados. E não estamos atuando somente durante a sazonalidade dessa síndrome, mas o ano inteiro. No ano passado criamos 135 leitos e já temos prontos mais 100 para serem abertos quando forem necessários. Então, a nossa expectativa é oferecer um tratamento mais eficiente para as crianças pernambucanas", afirmou Raquel Lyra.
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