Viatura da PM invadiu a contramão da PE-05, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife.

'Só Deus para confortar a gente', diz tia de grávida que morreu após ser atropelada
Foram sepultados nesta segunda-feira (28) os corpos da grávida Gisele Fabíola dos Santos, de 24 anos, e do marido dela, Leandro Marcos, de 26 anos, que morreram depois que uma viatura da Polícia Militar invadiu a contramão da PE-05 e bateu na moto em que eles estavam. Os dois voltavam de uma consulta médica quando foram atingidos pela viatura do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV).
O acidente aconteceu no domingo (27), em São Lourenço da Mata, no Grande Recife. O casal morava em Camaragibe, também na Região Metropolitana. A tia de Gisele, Ana Cristina, disse que o sentimento da família, para além da saudade, é a indignação.
"Coração partido. Só Deus para confortar a gente. A gente quer justiça, mas isso não vai trazer ela de volta, a gente sabe", disse.
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Enterro de Gisele Fabíola dos Santos, de 24 anos, grávida morta ao ser atropelada por viatura da PM — Foto: Giuliano Roque/TV Globo
Gisele estava grávida de sete meses e, segundo parentes, tinha ido ao médico depois de ter um sangramento em decorrência da gestação. O enterro dela aconteceu no Cemitério Público de São Lourenço da Mata, no Grande Recife. O de Leandro ocorreu em Passira, no Agreste.
"Ela veio para a UPA de São Lourenço e quando voltou aconteceu esse acidente. A gente não sabe o que faz mais. Vamos querer Justiça sobre isso, porque minha sobrinha deixou uma filha, perdeu o marido, morreu e estava grávida de sete meses. Ele estava muito feliz que ia ser pai", disse outra tia de Gisele, Ana Cláudia da Silva.
Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o casal foi socorrido ainda com vida. A mulher foi encaminhada para o Hospital da Restauração, no Centro do Recife, mas não resistiu aos ferimentos.
Leandro Marcos, marido de Gisele, foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Lourenço da Mata em estado grave e com ferimentos na face. Ele também morreu durante o atendimento.
A família da mulher grávida também reclamou da falta de respostas por parte da Polícia Militar, que, segundo os parentes, não entrou em contato com os familiares do casal.
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Gisele e Leandro voltavam de uma consulta médica quando foram atingidos pela viatura do BPRV — Foto: Reprodução/WhatsApp
"Vamos pedir por justiça e não vai ser mais uma que a polícia vem, faz o que quer e fica por isso mesmo. Se fosse o contrário, já estavam correndo atrás para pedir por justiça. [...] Ela sempre fazia esse caminho quando vinha para São Lourenço. Foi um descaso, porque a família só veio saber pela boca de terceiros", afirmou.
O que diz a PM?
Procurada pelo g1, a Polícia Militar disse que os policiais foram afastados do serviço operacional e encaminhados para avaliação psicológica. A corporação também informou que os PMs estavam a caminho da Delegacia de Camaragibe "para dar andamento a uma ocorrência"
A PM também afirmou que os PMs receberam atendimento médico depois do acidente e se apresentaram espontaneamente na Diretoria de Polícia Judiciária Militar, que decidiu abrir um Inquérito Policial Militar.
O comando do batalhão também vai ouvir o efetivo e fará investigação administrativa para "apurar todas as circunstâncias que contribuiram para o referido acidente".
Por g1 PE e TV Globo
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