sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Operação contra lavagem de dinheiro prende 15, apreende R$ 1,45 milhão e usa drone para evitar que provas sejam jogadas por janelas de prédios de luxo

Deflagrada na manhã desta quarta-feira (20), Operação Replacement também cumpre mandados de busca e apreensão em concessionárias e casas lotéricas no Grande Recife.

Dinheiro apreendido foi levado para o Depatri, em Afogados — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Uma operação contra lavagem de dinheiro realizada pela Polícia Civil, na manhã desta quarta-feira (20), no Recife, em Olinda e em Igarassu, prendeu 15 pessoas e apreendeu R$ 1,45 milhão em espécie. Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos em concessionárias de carros de luxo, prédios residenciais e casas lotéricas, onde cofres foram apreendidos.

Entre as prisões da Operação Placement, estão as de três homens e duas mulheres que estavam nos edifícios Píer Maurício de Nassau e Pier Duarte Coelho, um condomínio de luxo conhecido como Torres Gêmeas e localizado no Cais de Santa Rita, no Centro do Recife. Os nomes e as idades dos investigados presos não foram divulgados.

De acordo com o delegado responsável pela operação, Paulo Gondim, um drone foi usado no condomínio de luxo, para evitar que os alvos jogassem provas pelas janelas. A polícia informou que o chefe da quadrilha utilizava parentes e laranjas para a lavagem de dinheiro usando empresas como casas lotéricas, imobiliária, academia e concessionárias de veículos.

A investigação foi iniciada em abril de 2023 e tem empresários como alvo. Ao todo, a operação solicitou o bloqueio de R$ 608 milhões em contas e aplicações financeiras dos investigados.

A polícia cumpre três mandados de prisão domiciliar, 12 de prisão preventiva e 31 de busca e apreensão domiciliar, sequestro de bens e valores e bloqueios de ativos financeiros, expedidos pelo Juízo da Décima Segunda Vara Criminal da Capital.

De acordo com informações obtidas pela TV Globo, os mandados foram cumpridos, além das Torres Gêmeas, nos seguintes locais:

Três concessionárias de carros de luxo, sendo duas da JBS Motors (veja resposta da empresa mais abaixo) no Pina, na Zona Sul do Recife; e uma de nome não divulgado na Iputinga, na Zona Oeste da cidade;
Edfício Akropolis, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife;
Cinco casas lotéricas, sendo duas em Olinda e quatro no Recife (nos bairros de Boa Viagem, de São José e da Iputinga).

Foram apreendidos 14 carros de luxo, em concessionárias e com os presos, além de celulares e oito relógios. Eles foram levados para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), no bairro de Afogados, e para a Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), no Barro, ambos na Zona Oeste.

Também foi feita a restrição de veículos e embarcações da Marinha, segundo a polícia. A operação é coordenada pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (Dintel) e pelo laboratório de Lavagem de Dinheiro (Lab) e recebeu apoio do Comando de Operações e Recursos Especiais (Core), Corpor de Bombeiros, Centro de Monitoramento Eletrônico de Pessoas (Cemep) e Banco do Brasil.

Respostas

Por nota, a JBS Motors declarou que:

"Está à inteira disposição das autoridades competentes para o que se afigurar necessário, inclusive com o fornecimento de todas as informações necessárias à preservação da verdade e os devidos esclarecimentos";
"Reafirma seu compromisso com a transparência e boas práticas empresárias, registrando o empenho em cooperar plenamente durante as pesquisas policiais em andamento, embora não figure no rol dos investigados, por si ou seus legais representantes";
Está dedicada "a solucionar este assunto de maneira responsável, mantendo uma comunicação aberta e fornecendo atualizações conforme necessário".
"São mais de 30 trinta anos de trabalho e serviço prestado, etiquetado pela ética, transparência e apreço às normas legais".

Também em nota, a Caixa Econômica Federal afirmou que:

"Informações sobre eventos criminosos em suas unidades e na rede parceira são repassadas exclusivamente às autoridades policiais";
"Coopera integralmente com as investigações dos órgãos competentes";
"O funcionamento das lotéricas é fundamentado por regime de permissão";
"Não coaduna com situações como as relatadas";
"Dado o amplo direito de defesa, caso confirmado, adotará as providências cabíveis que incluem, em última instância, a revogação da permissão".


Por Lílian Oliveira, TV Globo

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