sexta-feira, 30 de junho de 2023

Tablet que encontra vestígios 'invisíveis' ajuda polícia na investigação de crimes; saiba como

Equipamento é o primeiro no Nordeste e permite visualizar local exato de manchas de sangue, sêmen, urina, saliva e outros vestígios não visíveis ao olho nu.

Tablet que identifica vestígios 'invisíveis' ajuda Polícia Científica de PE em perícias

Um novo tablet utilizado pela Polícia Científica de Pernambuco permite que vestígios não visíveis a olho nu, deixados por criminosos, sejam identificados através de fotos e vídeos com mais precisão. O estado é o primeiro da região Nordeste a utilizar o equipamento, que tem tecnologia turca.

O tablet é equipado com um conjunto de lentes que emitem luzes de diferentes espectros e são capazes de revelar diversos vestígios, inclusive em superfícies escuras.

Antes, as análises eram feitas pelos peritos com um equipamento de luz acoplado a um tripé. Essa parafernália permitia a amostra do resultado a uma pessoa por vez, e apenas com o uso de um óculos especial.

Isso não é necessário com o tablet, que, com a câmera, fotografa e registra as evidências, apontando na tela do dispositivo os vestígios analisados.

Devido às luzes, que transmitem diferentes tipos de ondas, como ultravioleta e infravermelho, ele também reflete em tempo real no objeto os pontos onde os materiais foram identificados.

Segundo o diretor do Laboratório de Genética Forense de Pernambuco, Jayzon Valeriano, isso facilita a coleta de elementos da cena do crime, como DNA e de disparos de arma de fogo.

A câmera do aparelho conta com múltiplos círculos de luzes — Foto: Fernanda Soares/g1

"O tablet forense multiespectral permite visualizar o local exato de manchas de sangue, sêmen, urina, saliva e outros vestígios de não estejam visíveis, que estão encobertos, ocultos. [...] Isso não é apenas para vestígios biológicos. Ele também pode ser usado em vestígios não-biológicos e na documentoscopia, para identificação de falsidade de documentos, e na balística", disse.

Ele diz, ainda, que o equipamento traz praticidade para perícias, por ser pequeno e poder ser transportado para qualquer local, e que o equipamento traz mais precisão aos procedimentos.

Após identificadas, as evidências são enviadas para a análise para, então, passarem pelo teste de comprovação.

"Antes do tablet, por exemplo, as vezes tínhamos que fazer as coletas 'às cegas', e a presença do vestígio era indicada mais ou menos de uma forma presumida e por inferência. Imagina examinar um sapato cheio de lama para um caso de assassinato, a olho nu. A gente pode erroneamente identificar lama como sangue, ou o contrário", afirma Jayzon.

Tecnologia inovadora

Tablet também permite a edição e comparação de fotos — Foto: Fernanda Soares/g1

Duas unidades do tablet turco foram recebidas pela corporação em maio deste ano. O investimento foi de R$ 580 mil, e foi realizado por meio do Fundo Nacional de Segurança Pública. Ao todo, 40 profissionais foram treinados pela Polícia Científica para usar o equipamento.

Um dos tablets ficou com o laboratório de genética e o outro, com a Divisão Especializada em Perícias Patrimoniais (DEPP), que investiga crimes contra o patrimônio, como assalto a banco e arrombamento de instituições e veículos.

Ainda de acordo com o diretor, grande parte dos casos é de crimes sexuais e, geralmente, o material examinado consiste em tecidos, como lençóis, peças de roupa e sapatos. "São materiais que podem nos ajudar a traçar o perfil genético daquele infrator", explicou.

Ele também conta que o laboratório, que funciona na Área de Segurança Integrada 6, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, ajuda nas investigações de, em média, 3 mil casos por mês, e recebe materiais de cenas de crime e diretamente do Instituto de Medicina Legal (IML).

"Sem dúvida queremos mais unidades, mas tudo vai depender do orçamento. Com a cotação do dólar atual, um tablet desse custa cerca de R$ 300 mil", disse Jayzon.

Novo equipamento permite a revelação de digitais sem contato com a superfície — Foto: Fernanda Soares/g1


Por Fernanda Soares, g1 PE
Estagiária sob supervisão do editor Pedro Alves.

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