sexta-feira, 6 de julho de 2018

Corpo de médico encontrado esquartejado em poço no Grande Recife teve partes carbonizadas, diz polícia

Perícia encontrou vestígios de sangue em três cômodos da casa onde a vítima morava. Caseiro e faxineira foram liberados durante quatro dias após suposto desaparecimento do médico.

Poço em que cadáver de médico esquartejado foi encontrado, no Grande Recife, tem 25 metros de profundidade (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

Além de ter sido esquartejado, o cardiologista Denirson Paes da Silva teve partes do corpo carbonizadas, segundo a Polícia Civil. O corpo do médico foi encontradono poço de um condomínio onde ele morava com a esposa e dois filhos, em Aldeia, em Camaragibe, no Grande Recife, na quarta (4). A esposa e um dos filhos da vítima foram presos temporariamente. 

Também de acordo com a Polícia Civil, a perícia encontrou vestígios de sangue em três cômodos da casa. Segundo o perito criminal Fernando Benevides, foram encontrados indícios de sangue no banheiro do quiosque próximo ao poço onde o corpo estava, no banheiro do andar de cima da casa e em um corredor da residência.

Todos esses ambientes, de acordo com o perito, teriam sido higienizados com produtos químicos e alguns deles foram pintados a pedido da esposa da vítima. Segundo ele, as partes do cadáver também foram higienizadas para evitar odores. As informações foram repassadas durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (5) no Centro do Recife.

“Sabemos que uma massa sólida, orgânica, foi arrastada por cerca de 1,4 metro. Havia uma cimentação recente no reservatório e, quando tiramos, percebemos um odor característico, mas muito leve, como se substâncias químicas tivessem sido utilizadas no material. Também havia partes carbonizadas”, afirmou o perito.

Segundo o chefe da Polícia Civil, Joselito do Amaral, o crime começou a ser investigado como um desaparecimento, mas converteu-se em homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Também na coletiva, a corporação informou que o caseiro e a faxineira foram liberados pela família durante quatro dias logo após o suposto desaparecimento do médico.

Polícia Civil divulgou detalhes da investigação sobre o assassinato do médico esquartejado no Grande Recife (Foto: Pedro Alves/G1)


Para a polícia, as contradições nos depoimentos da esposa e de um dos filhos da vítima são alguns dos principais indícios de envolvimento dos dois na morte do médico. Testemunhas informaram à corporação que o pai tinha um relacionamento conturbado com o filho e com a esposa. Jussara Rodrigues da Silva Paes e Danilo Paes foram presos por volta das 13h desta quinta-feira (5).

“A vítima e a esposa viajariam para os Estados Unidos no dia 2 de junho e, no dia 30, ele cancelou a viagem e ligou para a clínica mantendo a agenda de atendimentos médicos. A esposa diz que ele desapareceu no dia 31 e que pensava que ele teria viajado de qualquer modo, mas ele voltaria no do 12. Ela só reportou o caso no dia 20 de junho”, disse Joselito.

Polícia encontrou vestígios de sangue na casa em que o médico esquartejado morava, no Grande Recife (Foto: Polícia Civil/Divulgação)


Ainda segundo a polícia, a mulher também informou que pensou que o marido havia viajado para a Copa do Mundo, na Rússia, depois de ir aos Estados Unidos. A delegada responsável pelas investigações, Carmem Lúcia, informou que o filho mais jovem, que teve o envolvimento no crime descartado pela polícia, informou sobre o relacionamento conturbado entre a mãe e o pai.

“Durante todo o processo, não havia choro ou lamento pelos 40 anos que passaram juntos. No momento em que vimos a cacimba, o perito percebeu que havia uma imagem de possível fêmur ou braço. Já havia uma desconfiança e solicitamos aos bombeiros que houvesse a busca”, afirmou a delegada.

Por meio de nota, a Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco lamentou o falecimento do médico e advogado e informou que "espera a apuração dos fatos e o cumprimento da lei com devida punição dos autores do crime".

Polícia intensifica investigações para esclarecer morte de médico no Grande Recife



Pacientes

O médico voltaria ao trabalho no Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (Procape) nesta quinta-feira. Pacientes que seriam atendidos pelo cardiologista estavam inconformados com a notícia do assassinato. No local, ele atendia 30 pacientes, três vezes por semana, uma média de dez consultas por dia.

A comerciária Marisa dos Santos foi ao Procape para ser atendida pelo cardiologista, como faz desde 2008, quando sofreu dois infartos. O sofrimento dela, nesta quinta-feira, não foi por problema de saúde, mas pela tristeza ao descobrir o motivo do cancelamento da consulta.

“Ele era um bom doutor. Quando cheguei aqui, hoje, marcada para ele, tive esse susto. Ele olhava nos nossos olhos. Quando entrava no consultório passava duas horas. Ele ria muito comigo, era muito brincalhão e atendia muito bem. Que a polícia pegue quem fez isso", lamentou Marisa.

Denirson era cardiologista clínico, acompanhava pacientes adultos antes e depois de cirurgias. Paciente de Denirson desde 2013, o aposentado Moacir Sousa mal conseguia falar, ainda em choque com o assassinato.

“É um sentimento triste, porque o conheço há muitos anos. Chego aqui e encontro uma notícia dessas”, disse Moacir.

Na escala de trabalho dos médicos estava o nome do cardiologista. Ele atenderia a partir das 10h. O consultório estava vazio. A filha de Moacir, a auxiliar administrativo Zenaide Souza lembrou o quanto o médico era atencioso no atendimento.

“Ele era muito atencioso e brincalhão. Não era aquele doutor chato, que deixa o paciente nervoso. Ele era super gente boa, bem humano”, disse Zenaide.

Por meio de nota, o diretor-executivo do Procape, Ricardo Lima, disse que Denirson era um profissional responsável, educado, carinhoso com os doentes e com os colegas.

Entenda o caso

O corpo do médico foi encontrado por volta das 14h da quarta (4), por policiais e bombeiros, em um poço do condomínio Torquato Castro, situado no Km 13 da Estrada de Aldeia, em Camaragibe, no Grande Recife. O médico morava com a família em uma das casas do local. 

O Instituto de Criminalística realizou perícias com luminol para colher DNA e outros materiais que podem subsidiar as investigações. O poço onde o cadáver foi encontrado tem aproximadamente 25 metros de profundidade.

Mãe e filho foram autuados após um mandado de busca e apreensão na residência da família. Jussara foi levada à Colônia Penal Feminina do Recife e Danilo seguiu para o Centro e Observação e Triagem Professor Everardo Lula (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana.



Blog Fazenda Nova Online
Fonte: G1 PE

Nenhum comentário:

Postar um comentário